Resolvi escrever este texto, pra mostrar aos meus amigos o fosfogênio (gás letal, corrosivo) que exala do “esgoto jornalístico da VEJA”, como diria Luís Nassiff. Se você pode fazer algo por sua mente e pela sociedade: cancele sua assinatura! A VEJA assumiu desde a década de 90 (e vem piorando) uma série de posições inconcebíveis ao jornalismo. Terceirização de denúncias, ataques pessoais contra quem não passa informações à revista ou ataques gratuitos a quem parece atravessar seu caminho, agressividade exagerada no trato jornalístico, a política dos dossiês na redação como forma de promoção subsidiada, matérias ficcionais, inserção de “cacos” ( pequenas inserções feitas pelos diretores, inexistentes nos textos originais, mas que modificam substancialmente o conteúdo e interpretação) e incontáveis, incontáveis, repito, incontáveis outras sujeiras jornalísticas.
“Em 5 de outubro de 2005, após ter se recusado a dar uma entrevista exclusiva a Veja, a revista soltou uma matéria contra Maria Rita, tratando-a como “a filha de Elis”, sem mencionar seu nome, e acusando-a de dar um “mensalinho” para a imprensa: “Gravadora presenteia jornalistas com iPods. E eles agradecem falando bem da cantora”
O caso Boimate é de 1983 e é um dos que melhor descreve o compromisso da VEJA e sua indisponibilidade com a verdade desde seu início, além da falta de filtros em editorias, na prática eterna de uma política de “vale-tudo por leitor”. Após ler uma matéria de 1º de Abril na revista New Science, que nesta data costumava publicar notícias inverídicas propositalmente, o jornalista acreditou na matéria que, aqui sintetizada, dizia:
Então, jornalista fez um diagrama e entrevistou um biólogo da USP, que perguntou o que o cientista achava. A resposta foi que era impossível tal experimento. O repórter, que tinha que voltar com a frase que se encaixasse na matéria, então insistiu: “E se fosse possível?!”. O cientista, ironizando: “Seria a maior revolução da história da genética”. E então surgiu a matéria que dizia ter sido FEITA: “A MAIOR REVOLUÇÃO NA HISTÓRIA DA GENÉTICA”… entitulada: “O FUTURO DA CARNE”.“Num ousado avanço da biologia molecular, dois biólogos de Hamburgo, na Alemanha, fundiram pela primeira vez células animais com células vegetais – as de um tomateiro com as de um boi. Deu certo.”
Ok, antes de rir, chore. Eu sempre achava que estava louco quando lia a VEJA e a cada linha eu me sentia manipulado, exposto venenosamente a uma ideologia, não socialmente promulgada, mas outorgada pelos próprios interesses da VEJA. O comentário de um leitor em uma das dezenas textos que li (antes de escrever este post) traduz bem minha indignação:
“O que falta em nosso país é educação de verdade. Mas isso não faria bem para os poderosos conservadores cujas folhas da VEJA veementemente protegem e reproduzem informações convenientes. O bombardeio ideológico é grande, a falta de escrúpulos, maior ainda.”
Atualmente, em entrevista à revista “Caros Amigos”, o ator Wagner Moura, disse o que pensa da revista VEJA:
“A linha editorial da revista Veja, uma revista de extrema direita brasileira. Eu me lembro claramente de uma capa da revista Veja que me indignou profundamente, sobre o desarmamento, que dizia assim: “Dez motivos para você votar ‘Não’ “. Eu me lembro claramente da revista Veja elogiando Tropa de Elite pelos motivos mais equivocados do mundo. E semana sim, semana não está sacaneando colga nosso: Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, de uma forma escrota, arrogante, violenta. Outro motivo é que na revista Veja escreve Diogo Mainardi! Eu não posso compactuar com uma revista dessas, entendeu? Conservadora, elitista. Então, não falo com a revista Veja, assim como não falo para a revista Caras.”
Wagner me fez lembrar da capa e da reportagem cruel da VEJA com CAZUZA, que saiu um mês antes de meu nascimento, em 1989. Eu sabia da história, mas li a reportagem completa a alguns meses e fiquei enojado. A chamada da capa é a das mais rudes da história da mídia brasileira:
Separei a introdução do texto, só a introdução, que por sí, demonstra o caráter sínico e arrogante da reportagem e principalmente da revista, que ela leva até hoje em suas páginas imundas. Depois de ler, tiveram que levar CAZUZA para o hospital (e com razão):
“O mundo de Cazuza está se acabando com estrondo e sem lamúrias. Primeiro ídolo popular a admitir que está com Aids, a letal síndrome da imunodeficiência adquirida, o roqueiro carioca nascido há 31 anos com o nome de Agenor de Miranda Araújo Neto definha um pouco a cada dia rumo ao fim inexorável. Mas o cantor dos versos
Senhoras e senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava vivafaz questão de morrer em público, sem esconder o que está se lhe passando. Cazuza conta como convive com a doença. Fala sem firulas de sua bissexualidade, de como se drogou pesadamente e confessa que está tendo dificuldade em se livrar do alcoolismo. Mais que isso, o artista trabalha continuamente e se expõe a todos os olhares. No momento, ele grava um disco, está fazendo um livro autobiográfico, compõe músicas e planeja um show. Os olhares que Cazuza atrai são muitos e variados. Há os que contemplem o seu calvário com admiração pela coragem e garra do cantor. Há os que busquem o sensacionalismo e o escândalo. Há os que o apontem como herói e mártir da Aids. Há os que se sintam fascinados em beijá-lo na boca em público. Há os que o vejam com piedade. E há os que se sintam morbidamente atraídos pela tragédia de Cazuza.
(Veja, 26 de Abril de 1989)
Acho que não preciso dizer mais muita coisa. Faça o teste. Leia a VEJA, mas, diferente do que o nome sugere: OLHE; e se você for um ser pensante… que seja a última vez!